A LEITURA COMO POSSIBILIDADE DE CRIAÇÃO E DE IMAGINAÇÃO PARA AS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE

Rita de Cassia Cristofoleti

Resumo


A produção desse texto, faz parte de uma pesquisa que vendo sendo realizada pelos (as) alunos (as) dos cursos de Enfermagem e Pedagogia da Universidade Federal do Espírito Santo, Centro Universitário Norte do Espírito Santo e está articulada ao projeto de extensão: Digna mente: promoção de saúde mental e prevenção de maiores agravos através de oficinas terapêuticas às pessoas privadas de liberdade, cujo objetivo é promover a dignidade humana, resgatar a autoestima e garantir condições para as reflexões pessoais, através das oficinas terapêuticas e da construção de projetos terapêuticos singulares. Como parte desse projeto, iniciado em outubro de 2017, os (as) alunos (as) dos cursos de Pedagogia e de Enfermagem realizam oficinas de leitura tendo como objetivo resgatar a imaginação e a criatividade das pessoas através de leituras de poemas e textos literários, na tentativa de compreender como um processo criativo e reflexivo é mediado pela leitura da literatura. As oficinas literárias também contam com técnicas de desenho, pintura, colagem que entrelaçadas aos textos lidos levam às produções artísticas pelas pessoas privadas de liberdade. As oficinas de leitura são realizadas durante duas vezes por mês com anotações sistemáticas em diário de campo das falas, gestos e produções que são realizadas nos encontros. O referencial teórico adotado para a escrita, elaboração e planejamento das oficinas literárias e análise dos dados é a perspectiva Histórico-Cultural de desenvolvimento humano elaborada por Vigotski (1998, 2009) que considera que quanto mais rica for a experiência social e cultural das pessoas, mais possibilidades existirá de criação e de imaginação, portanto de reflexividade da vida. Nesse sentido, foram desenvolvidas oficinas literárias com textos de Manoel de Barros presentes no livro “Memórias Inventadas – A Infância” e “Exercícios de ser Criança - O menino que carregava água na peneira”. Entendemos, nesse sentido, que o ato de criação e o lugar do imaginário como condição essencialmente humana, pela mediação da linguagem e da literatura, pode ter lugar nos espaços diversos de vida e pode constituir-se como novas formas de participação das pessoas na cultura.

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Referências


PINO, A. A criança e seu meio: contribuição de Vigotski ao desenvolvimento da criança e à sua educação. Psicologia USP, São Paulo, 21 (4), p. 741-756, 2010.

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VIGOTSKI, L. S. Imaginação e criação na infância. São Paulo: Ática, 2009.

______. Manuscrito de 1929. Educação & Sociedade, Campinas, ano XXI, n. 71, jul. 2000.

______. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.


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Linha Mestra Associação de Leitura do Brasil (ALB)
e-ISSN: 1980-9026
DOI: https://doi.org/10.34112/1980-9026

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